Talvez seja difícil imaginar um mundo sem Deus. Contudo, mesmo sendo grande o número de pessoas que fala sobre Deus, que diga que têm fé e que faça as suas preces, são poucos os que de fato vivem sabendo que Ele está presente em todos os lugares. É muito fácil apenas "crer" que Deus existe, mas viver como se Ele não existisse. É muito cômodo falar sobre Deus e desconhecê-lo no calor do dia a dia. É muito comum perceber a presença de Deus em alguns momentos e ignorá-la em outros. O mundo, outrora palco das manifestações divinas, está se tornando um mundo sem Deus. Não que Deus tenha deixado de agir; entretanto, o homem tem deixado de visualizar as Suas ações no universo.
Mas essa mudança de percepção não aconteceu de repente; ela foi paulatina. Pouco a pouco o homem foi proclamando a sua independência. Primeiro, o ser humano decidiu que não queria mais se relacionar com Deus, e aí comeu do fruto proibido. Depois, ele resolveu se tornar como Deus e construiu uma torre para celebrar o próprio nome; então, veio Babel. Sendo dispersos pela terra, os homens foram se corrompendo em seus próprios caminhos, e cada vez mais a corrupção foi apagando os divinos raios de luz que ainda existiam dentro do ser humano.
A corrupção interior alcançou níveis trágicos, e Deus interveio na história. Na plenitude dos tempos, nasceu Jesus - Deus se encarnou para ir atrás do homem. É impressionante perceber que é sempre Deus quem toma a iniciativa de se relacionar conosco. Tem sido assim desde o princípio. Foi assim no Jardim do Éden, foi assim na vinda de Jesus e é assim nos dias de hoje. Tão logo o Cristo ressurreto subiu aos céus, os apóstolos começaram a proclamar mais intensamente a mensagem do Evangelho. Era o convite de Deus para que as pessoas participassem do Seu Reino. À medida que o Evangelho avançava, a sociedade se transformava. Em, aproximadamente três séculos, a igreja conquistou o império romano - era o próprio Deus se fazendo presente na história das pessoas.
Mas com o passar do tempo, essa percepção de Deus foi novamente se deteriorando. O homem foi se corrompendo, se secularizando. Isso significa que o ser humano se posicionou novamente no centro da história e se colocou no lugar de Deus. Se, em tempos antes, o homem olhava para Deus em busca de alguma resposta, agora com a secularização ele começou a olhar para si mesmo, em busca de uma direção. Se no princípio o universo era uma criação de Deus, a secularização agora faz do universo apenas um objeto das observações do homem. O ser humano foi abandonando e deixando de pensar em Deus, e o mundo se tornou mecânico.
Hoje, temos um homem mecânico; alguém que vive segundo as frias engrenagens do mundo. Para esse homem, tudo gira em torno de oscilações do mercado, problemas culturais, questões sócio-políticas, reações da natureza. Aos olhos dele, Deus deixou de estar presente na história. Afinal de contas, como dizem alguns, "o Deus único é um retrocesso literário".
Contudo, no meio de todo esse retrocesso que estamos vivendo, Deus continua presente, em todo o tempo convidando os homens para se relacionarem com Ele. Não um relacionamento superficial, mas sim uma amizade de profundidade e amor. Não uma comunhão de palavras vazias, mas um companheirismo de aquecer o coração. O convite se direciona àqueles que estão sem Deus no mundo, e a voz que ecoa pelos séculos, a voz de Jesus, continua dizendo: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei".
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